Como somos? Onde estamos? Como vivemos?
Você deve ter visto na televisão, na Internet, no rádio (e etecétera...) que o Censo 2010 já começou, não é mesmo?
- "Cen" o quê??
Aquela coisa que acontece a cada dez anos, que sempre passa uma pessoa com um colete (caça-vampiros) na porta da nossa casa fazer perguntas. Sabe?
Pois essa coisa, o Censo 2010, acontece aqui no Brasil desde 1872 e tem por função contar e conseguir informações sobre a população brasileira. Assim, poderemos conhecer as características da nossa população, sabermos quem é a força de trabalho, subsidiar cálculos para definir recursos financeiros que são transferidos do Governo Federal para os estados e municípios, e subsidiar, também, políticas públicas (como a de saúde e educação).
E uma dessas pessoas que passam nas casas fazendo as pesquisas (o chamado recenseador) sou eu.
Portanto, ao invés de utilizar esse espaço para divulgar o Censo, vou utilizá-lo, também, para compartilhar a experiência que estou tendo, por enquanto de três dias de trabalho, com o Censo 2010.
Para começar, afirmo que sempre tem algum bobo metido a inteligente que diz que o Censo não foi na casa dele, e que esse evento é uma farsa. Querido, você estava em casa? A quantidade de domicílios fechados que eu estou encontrando é muito grande - sem contar os inúmeros moradores que não querem receber-nos. Na sexta, enquanto eu estava na rua realizando meu trabalho, um homem de meia-idade passou por mim e falou "Meu Deus, o Censo... Ele existe!". Pois é, provavelmente esse senhor passou os últimos dois ou três Censos fora de casa. A minha resposta? "Sim senhor, o Censo não só existe como passará na sua casa!". Esse trabalho é coisa séria. O IBGE é coisa séria!
Receba o Censo na sua casa! As informações são sigilosas e vão ajudar nas pesquisas do IBGE!
Ainda que dentro de um setor restrito (o meu setor de trabalho), em um bairro legal, histórico e verticalizado, em constante desenvolvimento, pude notar um pouco de Brasil em um só quarteirão. Um pouco dessa diversidade que é o nosso país, que sempre ouvi falar e sempre notei em alguns detalhes da minha vivência, mas que nunca esteve tão forte quanto nesses últimos dias.
Minha primeira entrevista foi com a Tatiana*. Minha primeira experiência dentro desse novo trabalho. A entrevista - que, nesse ano, conta com a novidade do computador de mão, muito chique! - foi de cordialidade, mas, ao mesmo tempo, em um clima muito bom, de simpatia. Já no começo, fiz a pergunta, seguindo a ordem proposta pelo computador (o PDA), de quantas pessoas moravam no domicílio dela. Treze. Treze pessoas dividindo o mesmo espaço, pequeno, com uma renda restrita que mal passa de um salário mínimo. E, além de tudo, Tatiana, que ainda é uma adolescente, abandonou a escola para cuidar do pai doente, que na data se encontrava no hospital. Ao final da entrevista, já na última pergunta, que investiga a mortalidade no nosso país, Tatiana começou a chorar. De agosto de 2009 até julho desse ano, duas pessoas que moravam com ela morreram. Sua avó, com mais de oitenta anos, e seu primo, de apenas vinte - vítima da violência. Como é possível? Como é possível, mais ainda, a Tatiana ser vizinha da Vitória? Vitória divide a casa com mais três, é estudante do Ensino Médio, e mora em uma casa alimentada por vinte mil reais ao mês. Tem uma vida boa, em harmonia com os amigos e familiares, educada e simpática. Como a Tatiana. Ambas me receberam muito bem.
Durante as entrevistas, conheço as mais variadas pessoas, com os mais variados humores e tipos de educação. Eu estou gastando todo o estoque de simpatia que adquiri durante toda a minha vida (e quem me conhece sabe que eu sei ser bem rabugenta nas relações humanas, rs). Ainda existe muita gente que não sabe o que é o Censo (o aviso do William Bonner no JN não foi suficiente, gente!). Mas eu não tiro a razão das pessoas desisformadas com relação ao Censo, por não receberem o recenseador em casa. Nós sabemos do mundo onde vivemos e sabemos, principalmente, dos perigos que a cidade de São Paulo oferece.
Por isso, peço, gentilmente, a você que está lendo esse post: Se o Censo já passou na sua casa, por favor, avise seus vizinhos que um recenseador está na região e sobre a importância desse evento. Nós, recenseadores, vamos passar em todos os domicílios dos 5565 municípios que existem no nosso país. Se o Censo ainda não passou na sua casa, informe-se com seus vizinhos para saber se algum recenseador passou pelo quarteirão. A participação de todos é de extrema importância. Divulguem essa notícia e recebam o Censo!
* Em respeito ao sigilo e à vida pessoal dos personagens mencionados aqui, os nomes presentes nesse post foram trocados.
Para maiores informações, o site do Censo 2010:
E o vídeo da campanha - um tanto bizarro, confesso:
Na próxima oportunidade, divido com vocês mais das minhas experiências de recenseadora :)
5 comentários:
Acho q como crescimento pessoal todos nós deveríamos trabalhar pelo menos um dia na vida como recenseador, telemarketing,presidente da república e voluntário em algum hospital. Ver o mundo por outro angulo!
por aqui já passou, acho que não gostou das minhas repostas porque foi logo embora... :-)
recomendo que oferecam um suquinho ou um chá para compensar aqueles que só dão canseira..
Que TU-DO você ser recenseadora!
Eu também já fui, sabia?
Só que não era do IBGE. Era da Igreja. A Igreja (católica) fez o Censo Religioso há alguns anos atrás. Eu, -que na época era blaster interagido na igreja, era voluntário na secretária e tinha acabado de deixar de ser Coroinha- adorei a idéia de fazer esse trabalho.
Foi MUITO BOM, passamos por todas os bairros de São Lourenço, TODOS, a pé, com uma folha e caneta na mão, também vimos de tudo, do pobre ao rico, do simpático ao ignorante (do bonito ao feio). Foi muito divertido, pois a maioria era mulher, então imagina a festa que um monte de mulher faz, né?
Nos divertimos enquanto andávamos debaixo do sol.
Coisa difícil de se fazer, diga-se de passagem.
Só uma dúvida: Recenseador do IBGE é voluntário? Como funciona?
Um beijo, Ca. ADORO passar por aqui.
*secretaria
Eu também recomendo que todo mundo nos ofereça um chazinho, um suquinho, em refrigerantezinho e, principalmente, uma aguinha, rs.
*
Nossa, Bruno, a sua experiência deve ter sido muito boa (e cansativa! rs). Pena que ainda não existia o computador de mão. Imagino o peso daquele monte de papel!
Então, eu prestei concurso para o IBGE, passei e fui convocada. Não é nada voluntário não (e nem com carteira assinada, claro, por ser temporário). Digamos que sou funcionária pública agora... Temporária! hahaha. E recebo por setor finalizado. Em 2020, preste o concurso para ser recenseador também :P
Ah, Bruno... Eu é que ADORO ler os seus comentários e o seu blog. Me divirto muito!
Beijão.
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