sexta-feira

Quase uma pauliceia desvairada

A viagem de férias de Páscoa foi a Lisboa. Viagem corrida e com mapa ansioso para ver tudo.
Chegamos meio perdidas e um tanto desorientadas com as três únicas horas de sono que tivemos. Madrugada. A capital portuguesa ainda iria demorar a dar os primeiros sinais do despertar.


Demos um tempo. Com horário de verão, o sol demora mais para aparecer e as ruas ainda estavam muito escuras. Na Estação Sete Rios, já havia gente correndo atrás de metro e comboio, em passos mais longos do que o ponteiro dos segundos. Senti-me na correria da minha saudosa pauliceia desvairada. Uma Sampa sem mar. 

Seguimos. Ruas desconhecidas, informações em cafés e padarias que começavam a abrir: Avenida da Liberdade, rapariga? É muito longe para ir a pé. Peguem o metro! Pegar o metro? Estávamos há aproximadamente meia hora de caminhada... pois, pois... quando falo que andava trinta minutos para pegar o metrô em São Paulo os portugueses quase infartam. Acham um absurdo!

Gastamos as pernas e nos encontramos, enfim. Ruas grandes, prédios enormes, empresas quilométricas, lojas pomposas, shoppings monumentais, muitos carros, táxis, autocarros... trânsito? Já estava me desacostumando com esse cenário! 

Passamos a Marquês de Pombal, tomamos um café reforçado e encontramos a Avenida da Liberdade. Rua da Prata, Rua do Ouro, Rua dos Fanqueiros... chegamos à Praça do Comércio. Quando nos deparamos com o Rio Tejo...

Será clichê se eu disser que perdi o ar? 


A cidade de Lisboa; Rio Tejo ao fundo. 
Foram dois dias apaixonantes em Lisboa. Pela história e importância da cidade, pela semelhança com São Paulo, por se respirar a literatura de autores portugueses consagrados, desde as inspiradoras tágides às várias humanidades reunidas em formas de heterônimos.  

Conseguimos fazer tudo o que nossos rabiscos no mapa indicaram que era prioridade: Castelo de São Jorge, Sé, Panteão, Chiado (com direito à foto de turista ao lado da estátua do Pessoa, óbvio!), Alfama, eléctricos, Bairro Alto, Basílica e Jardim da Estrela, Casa Fernando Pessoa, Oceanário, Jerónimos, Doca e Torre de Belém... ufa!
Os "eléctricos" lisboetas, cortando as ruas por todo canto. 
Fomos com a promessa de voltar. E de decifrarmos com mais calma as ruas que li nas crônicas de Saramago na Bagagem do Viajante. Poucas horas depois, vimos da estrada a Ponte Dom Luís I e o rio pintado de ouro. Chegamos no Porto. Sensação de abrigo. E de diário de bordo cheio. 

Um comentário:

helô beraldo disse...

Camilla, que aventura! Seus textos e suas fotos nos transportam praí e nos dão vontade de atracar em Porto, saudar Lisboa...

Beijos!

P.S.: No vídeo, quando você disse "chegando a Chiado", o vento chiou! :)