segunda-feira

Concerto

Era domingo e saí para caminhar no final de tarde de uma Europa aprilina; horário de verão, sol com preguiça de ir embora. Quando ouvi, da sacada do primeiro andar de um prédio qualquer, o barulhinho de sinos e pedras batendo. O vento estava chegando junto ao tilintar de um som relaxante em uma rua que já tinha os comércios fechados. Espalhavam-se boas energias.

No terraço da casa da minha voinha, há um mensageiro do vento em cada prego, quina ou viga livre no telhado: de bambu, de metal, de ágata colorida, com moedas, luas e estrelas, com casa de vespa, com nós nos fios, faltando peça no móbile. Qual mensagem o vento poderia me trazer naquele final de tarde?

Lembrei-me, então, de Dona Tetê ouvindo a sinfonia desordenada dos mensageiros, um em cada tom. Da vibração dela por sentir o sopro da natureza no rosto, dizendo que viria chuva em breve. Do som das roupas balançando no corpo e no varal. Do timbre da voz dela dizendo que vento acalma o espírito. Do silêncio do abraço de vó. Senti-me protegida pela corrente de ar. E segui meu caminho endomingado. 

2 comentários:

dréa disse...

sinto sua lágrima correr carinhosamente pela sua bochecha...

Anônimo disse...

Linda homenagem a sua mãe duas vezes! Vou mostrar prá ela! Bjs.
mary