terça-feira

Desjejum

Gosto de escrever com fome por sentir a necessidade de urgência. A fraqueza se mistura ao ronco da barriga, ocupado por um sentimento de força derradeira. É como ficar sentado, em jejum, na fila de espera da coleta de sangue e mentalizar o seu café da manhã que não foi. Ansiedade, pressa, contagem regressiva. Todo sentimento de angústia concentrado em uma senha que demora para aparecer no placar eletrônico. Escrevendo com fome, eu me alimento de palavras. Mastigo algumas letras, engulo frases. Saliva. Esôfago. Estômago... 
E acabo por me sentir satisfeita. 

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