domingo

Bienal do Livro Rio: a maior festa literária do Brasil

Relatos de uma expositora


Há uma semana, na Bienal do Livro Rio, anunciava-se nos eufóricos alto-falantes dos três pavilhões do Riocentro: “dentro de uma hora, encerram-se as atividade do último dia da XV Bienal do Livro Rio!”.

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A Bienal é a maior festa literária do país. Este ano, aconteceu de 1º a 11 de setembro e teve presença de ilustres escritores, de excelente programação cultural e de competentes editoras.
Tive o privilégio de poder fazer parte do evento este ano.  Com a HUB Editorial, editora onde trabalho como estagiária, fui à cidade de encantos mil. Foi muito importante para mim participar dos bastidores da feira, com crachá de expositor no pescoço e preço da maioria dos livros de nosso estande na ponta da língua. Chegam a faltar bons adjetivos para agradecer pela valiosíssima oportunidade.
Visão frontal do estande da HUB


Ponte aérea  
Minha aventura começou em São Paulo, no Aeroporto de Congonhas, no dia seis. Senti-me gente grande pegando, sozinha, táxi com mala de viagem; deslocada com quase infinitos executivos, gravatas e notebooks; pequena com tantos aviões que já voaram por todo o Brasil. Saquei um livro da bolsa e finalmente alcancei as nuvens. Em uma hora, com o Cristo carioca acenando para mim, pisei em terra firme do desembarque do Aeroporto Santos Dumont.  
De noite, já estava na Bienal e lá estive pelos próximos cinco dias. Nesses dias, encontrei-me com as parceiras paulistanas Ana e Andréa (por minutos não encontrei Susanna também), com os novos parceiros cariocas Eduardo, Henrique, Cláudia, Fabiana, Alan, Ana Rabelo, Luciana, Alexandre, todos da SBS... e com parte dos 670 mil visitantes que foram à Bienal em onze dias.

Parte da equipe que cuidou do estande

Sem rumo pela Bienal
Apesar do enorme trabalho no estande da HUB, deu para aproveitar o evento. E confirmei: livro (impresso ou digital) é a melhor coisa do mundo e se perder nas ruas e pavilhões da Bienal está entre as maravilhas do universo literário. Com os descontos atrativos, com o prazer pela poesia, com a busca pelo conhecimento, com a ansiedade de ver de perto um autor do coração, com a imortalidade dos clássicos. Com as palavras, a matéria prima do escritor.
O cansaço foi recompensado. E voltei para casa seis livros mais feliz.

Os livros são combustíveis
Na sexta-feira dia nove, cheguei às 8h30 no Riocentro. A feira iria abrir às 9h, dia de visitação escolar. De dentro do táxi amarelo, ouço o taxista falar chiando: “Mas que monte de gente é essa, meu irmão?”. “Hoje a feira abre às 9h. Por isso aqueles ônibus escolares. É excursão”, explico apontando. “Mas é impressionante, não é?”. “O quê?”, pergunto.  “Como que os livros podem movimentar tanta gente. Eu fico impressionado como as coisas estão mudando. Olha isso, um evento desse tamanho e esse monte de gente aqui, todos leitores, prestigiando, lendo. Eu fico muito contente de ver o Brasil assim, incentivando a leitura. No feriado isso aqui bombou que eu sei, tu viu no jornal?”. “É...”, fico sem saber o que falar, não esperava pela euforia do motorista, antes, tão calado. Respondo com um sorriso captado pelo retrovisor. “Tchau, moça, bom trabalho!”. Agradeço. Desejo o mesmo. E começo mais um dia de trabalho.
Com os estandes abrindo, plástico preto nas prateleiras e expositores ainda amassados pelo travesseiro, penso: os livros são combustíveis.
Segundo dados divulgados pela organização do evento no site da Bienal, 99% dos visitantes disseram que a visita valeu à pena; 93% pretendem ir à próxima Bienal; e 76% do público comprou livros (5,5 exemplares por pessoa).
Quais números terão o próximo “Retratos da Leitura no Brasil?”.

A contagem regressiva
Quando faltavam dez segundos para as 22h, horário de encerramento da feira, a voz dos alto-falantes voltou. Era a vez da contagem regressiva, festejada junto aos 950 expositores. Foi surreal. Imaginem o Riocentro inteiro gritando após dez dias de trabalho! Festa, cansaço, sensação de dever cumprido, novas experiências e amizades...
Chegou, então, a vez das caixas encherem-se, das prateleiras esvaziarem-se. E de nos despedirmos com dois beijos.

O tênis literário pisando em novos caminhos
A Bienal também está no centro histórico
Segunda-feira (12) foi o dia de voltar para casa. Como o voo era apenas de tarde, deu para dar "bom dia" a uma parte do Rio que ainda não havia conhecido direito: o centro histórico.
Com Andréa, fui à SBS Largo de São Francisco conhecer a livraria de nossos colegas de trabalho. O roteiro, feito com pressa, subiu a Rua do Ouvidor, um dia retratada por Machado de Assis em seus textos. Chegamos à Travessa do Ouvidor e lá encontramos a Livraria da Travessa e uma estátua em homenagem ao Pixinguinha e ao seu choro. Rua da Quitanda, para conhecer outros colegas de trabalho da SBS. Rua Sete de Setembro, o Café Cavé. Avenida Rio Branco até o Theatro Municipal e a Biblioteca Nacional, infelizmente fechados. Amarelinho, Cinelândia. Voltamos à Rua do Ouvidor e pensei ter visto o Bruxo do Cosme Velho caminhando. Rua Gonçalves Dias, palmeiras, sabiás, Confeitaria Colombo, no passado, ponto de encontro de escritores e intelectuais como Olavo Bilac, Rui Barbosa e Lima Barreto. O ritmo dos passos dos trabalhadores em horário de almoço. O centro do Rio tem gosto de ruas estreitas e de saudade de tempos que não vivi.
É como se a Bienal continuasse nas ruas do centro histórico, penso. A Literatura está nas ruas, nos muros, nas esquinas.
Rumamos ao aeroporto, carregadas de histórias e aprendizado. De novo vimos as nuvens. Nossa paulicéia desvairada estava nos esperando...

3 comentários:

Silvia Abolafio disse...

Fazer parte deste universo é realmente uma alegria.

Anônimo disse...

MERMÃ Camilla com 2 ELLES .Seu olhar paulista da "gema" e tão generoso com o Rio e seus "karikas" me trouxe um leve arrepio saudoso da brisa do Arpoador...só que com cheiro de livro estalando de novo.Que bom que vc abasteceu seu tanquinho com 6 livros a mais.Parabéns pela sua aventura e por seu texto leve ,liberando a endorfina que só o "Rio na veia" pode proporcionar.Seja bem-vinda à SAMPA.Ela fica mais alegre com vc por aki.bjkas kósmikas!Love U!Shellah Avellar com 4 eLLes.

Shellah Avellar disse...

MERMÃ Camilla com 2 ELLES .Seu olhar paulista da "gema" e tão generoso com o Rio e seus "karikas" me trouxe um leve arrepio saudoso da brisa do Arpoador...só que com cheiro de livro estalando de novo.Que bom que vc abasteceu seu tanquinho com 6 livros a mais.Parabéns pela sua aventura e por seu texto leve ,liberando a endorfina que só o "Rio na veia" pode proporcionar.Seja bem-vinda à SAMPA.Ela fica mais alegre com vc por aki.bjkas kósmikas!Love U!Shellah Avellar com 4 eLLes