sexta-feira

O espectador central


- E se você fosse algo que não humano, o que seria?

 Sem hesitação, a resposta veio rapidamente:

- O sol. Sempre fui meio sol, na verdade.
- Então quer dizer que Ariel sempre se sentiu caliente? - truncou, maliciosamente, o amigo.
- Claro que não, seu idiota.
- O que é, então? É vida? Eu sempre liguei o sol à vida... Renovação também. Sei lá. Mas por que, cara?
- Porque... Eu sinto como se o sol fosse o maior observador das coisas. Ele fica lá em cima, parado, enquanto todos os planetas giram ao seu redor.
- E por acaso você acha que todo mundo fica te cercando, fazendo tudo por você, enquanto você fica paradão? Ah, vá...
- Não é isso. Até porque eu sempre me ferrei na vida. Sempre tive que me virar sozinho, em tudo. Mas se tem uma coisa que eu gosto de fazer é ficar sem me mexer, só observando as coisas. Adoro ficar quieto  e escutar a conversa dos outros. Fico imaginando mil causas e consequências. E o sol fica parado no universo, como se estivesse assistindo de camarote um enorme desfile, só vendo as infinitas histórias passando.
- Que histórias, cara?
- As das pessoas! Só na Terra, são mais de seis bilhões de biografias vivas... Imagina o resto!
- Ih, esse papo tá ficando muito extraterrestre... Não gosto de falar disso. Daqui a pouco você fala de nave espacial e o caramba.
- É muito mais que isso, mano.
- Mais do que UFOs?
- Eu não estou falando de etês, pô! Eu tou falando de histórias! Imagina poder ficar no centro, como que bem no meio de uma arena, e ver um monte de história girando em volta de você.
- Mas quem disse que tem gente nos outros planetas?
- Ah, e desde quando a gente precisa de gente para criar histórias? Tendo o cenário já tá bom demais. E se tiver sentimento, falta mais nada.
- E se não tiver cenário?
- Com aquele monte de coisa girando em volta da gente? Im-pos-sí-vel!
- Tá, pode até ser que tenha alguma paisagem bacana em algum planeta e, vai... Até algum serzinho vivo estranho... Mas... Que tanta história é essa que você fala? Que interesse maluco.
- Todo mundo tem uma história para contar.
- E se não tiver?
- Oras, aí que chega a parte mais legal: A gente inventa!

5 comentários:

Bruno A. disse...

Muito lindo, eu realmente adorei. Um dos mais, Ca. Ca!

|Cami| disse...

Lindíssimo esse texto, xará!!

Também me sinto meio sol às vezes...

xDD

Parabéns pelos textos maravilhosos x3

Tô com saudades de ti, moça!!

Beijooos!!

José Anderson disse...

[ Silver ] Que observa também queima.
E a hiótsira do Sol e ver a história dos outros planetas.


Minha,

bjÕs!

Bruno disse...

Eu sempre fui mais Lua do que Sol.
Sou mais reservado, mais fechado, (really) então fico mais a obervar a Lua, que é da noite, do silencio...
O Sol é despojado, brilhante, gosta de aparecer e quando aparece é pra valer.
Sem falar que a Lua é de fases. E amiga, fases é meu sobrenome, cada dia sou um "Bruno" diferente, um "Otávio" diferente, e até uma "Camilla" diferente... rs

AMEI o texto. Lindo lindo!

Bjão!

Camilla Wootton Villela disse...

Xará linda, obrigada pelo carinho :)

Bruno, rs, adorei a comparação com a lua! Mesmo, mesmo. Também me sinto muito lua. É isso aí!