terça-feira

Me deixa ser livre, vai!

 Hoje é seu aniversário de dezoito anos.
 Para muitos por aqui, fazer dezoito anos significa libertação. Finalmente aquela menininha sempre zelada pelos pais poderá se jogar ao mundo. Tomará seus porres, quase será presa, comprará seus próprios cigarros, votará nas próximas eleições, tirará a carteira de motorista. Agora que é maior de idade, entrará em qualquer balada sem medo da clandestinidade. Está limpa e dentro da lei. Como desejava.  
 Quis muito esse momento. O gostinho daqueles dezoito anos no RG era novo e desconhecido, agridoce, sem aromatizante artificial. Se fechasse os olhos, poderia sentir, com ansiedade, o vento batendo em seu rosto. O vento do ser livre, das ambições e sonhos a serem realizados. Era como se ela tivesse asas que poderiam, depois de muito esperar, serem usadas. Em um mês estaria fora de casa. Ficaria em outro canto, para estudar e cuidar do seu futuro.
 Seria a época que mais poderia chamar de "sua". Seu melhor egoísmo. Teria novas sensações ao seu paladar. Assim como a coleira que quando era criança estivera presa a ela, por seus pais, sumiu, acreditava que um dia essa experiência do individualismo também acabaria. Mas, por enquanto, pensaria exclusivamente em si; na própria vida, nas próprias responsabilidades que acumulariam, na própria felicidade. Cuidaria da vida que conseguiu, agora que era um passarinho independente, longe da gaiola. Era uma menina-mulher a descobrir as novidades.   
Ariel cresc"eu".

Foto tirada pelo Anderson, na Virada Cultural, Viaduto do Chá, São Paulo

5 comentários:

José Anderson disse...

[Silver]Dezoito.
Quando cheguei aos dezoito veio a primeira escolha;
Servir a pátria ou servir ao capitalista? Escolhi errado.
Essa idéia de liberdade é meio, sei lá, é uma coisa cultivada em casa mesmo, pois nunca tive essa coleirinha ai. Sempre fui livre para minhas atitudes e escolhas, claro, sempre com a idéia de ser responsável por meus atos e machucados. (Tempos de escola que os digam)
Agora com vinte sinto que minhas escolhas na liberdade não foram totalmente erradas, e suas conseqüências menos ainda.
Me sinto uma criança na maior parte do tempo.
(Exceto quando meu chefe me vem querer explicações, aff, valhamedeus)

Essa foto da Camilla Wootton, salta-me aos olhos a idéia da "mãe super protetora", como se não confiasse na mão do pai...rs

As vezes Ariel é exatamente Andréia Nascimento, Barbará Ximenes, Anna Ó...É como se a vida fosse a repetição de uma imagem.

Mary disse...

Nos 18 anos do meu irmão mais velho ele recebeu a chave de casa e um belo de um sermão e vários conselhos...quando chegou minha vez, a família já destruída, ninguém ligou, e essa tal liberdade veio tranquilamente... foi perfeito. Como mãe posso dizer: se preciso fosse eu também colocaria a coleira, para nunca perdê-la!!!!!!!!

Anônimo disse...

[Silver]" se preciso fosse eu também colocaria a coleira, para nunca perdê-la!!!!!!!!"

É, mãe é mãe...rs, a minha quando viu a foto disse que queria uma dessas pra colocar em mim...

¬¬

Marcos Paulo Tártari disse...

E isso tudo é só o começo, senhorita Camilla. Só o começo...

Lembro que nessa época eu achava que tinha pouca coisa pra descobrir, que o limite da minha existência estava perto do fim.

Hoje, aos 32, lembrando nosso amigo Sócrates, vejo que nada sei - e nunca saberei.

Graças a Deus...

P.S.: Seu blog é fantástico, maravilhoso. Adorei as "Velhas Novidades".

Bruno disse...

Camilla (já ouvi falar taaaanto de vc), faço das palavras do Marcos as minhas:
"Seu blog é fantástico, maravilhoso". Já tinha até falado pro Anderson que acho seu blog lindooooo!
Já tinha acessado aqui antes, mas não tinha comentado nada (fiquei sem graça, rs)
Mas fiquei hiper feliz que tenha me visitado e o melhor, que tenha gostado, e o melhor ainda, que voltará mais vezes.

Quanto ao video do Mc. Na verdade, eu nem tinha olhado desse angulo sabe? Digo, ver o lado positivo da coisa. Mas é que nós gays, estamos automaticamente preparados pra sempre querer mais, entende? Desde (quase) sempre estamos em segundo plano, ou sempre almejando mais, reconhecimento, respeito, whatever.
Mas, você e um outro blogayro me lembraram que pelo menos tem-se um comercial gay pra maior rede de fast foods (independente do produto, actually).

Mas enfim, voltarei aqui mais vezes, com certeza e você já tem um mico leão dourado te seguindo, tá? Pra colorir um pouco sua rede, rs.

P.S.: Parabéns pela 'maioridade'. Sei que fará bom proveito dela.

Bjo!