terça-feira

É Carnaval, amor!

Eu não vi a Mangueira entrar. E nem assistirei a apuração das escolas de samba ou ouvirei o tradicional "quesito fantasia, nota... Nove ponto vinte e cinco" na tevê plim-plim. Mas realizei, pela segunda vez, um evento típico para o Carnaval paulistano: fui ao sambódromo com minha tia.
As escolas continuam me surpreendendo. As cores continuam me encantando. A bateria continua arrepiando. E a alegria, a dama da noite, sim: continua contagiando. De verdade. Não sou nenhuma conhecedora de samba, tampouco perita em Carnaval. O que eu gosto mesmo é da cultura que meu país tem a oferecer. E essa semana eu passei por uma situação curiosa que deve ser compartilhada.
Conheci uma chinesa na PUC. Yuan. Três anos de Brasil, português que engatinha progressivamente. Vontade de descobrir. Dei de xereta e aprendi alguma coisa sobre os ideogramas chineses. Dei de ufanista e expliquei o Carnaval para ela.
Mas como explicar para ela que o Carnaval aqui, em São Paulo, é diferente do Carnaval do interior do estado? Que em Pernambuco tem frevo, maracatu e que na Bahia tem trio elétrico e axé? Que antigamente era mais comum marchinha, baile de máscaras, que o Tempo de Ouro é diferente da atualidade?... Que em Minas tem Carnaval de rua, tem bloco, enquanto em São Paulo, depois dos desfiles na Avenida Tiradentes, surgiu o sambódromo, menor que o do Rio - mais tradicional -, com escola de Samba, nota, campeã? Que as pessoas não trabalham durante as festas, que quarta é dia de Cinzas e que tudo no país começa a funcionar depois de toda essa folia?
Surgiu um impasse.
Me dei conta, explicando para a Yuan, que nosso país é uma contradição.
O Carnaval brasileiro é considerado o melhor do mundo. Paramos nossas vidas e recebemos muita gente de fora; o Rio prevê mais de um milhão de turistas nessa data, nesse ano. Pernambuco espera por 2,2 milhões de foliões. É movimentação da economia e crescimento da indústria hoteleira. E, ainda assim, muito "nativo" odeia o Carnaval.
Reclama-se das mulheres peladas, do "vale night", da falta e excesso de camisinhas, da bebida, da azaração, do rebolation, do "lobo mau" no nordeste, das músicas sem conteúdo. Falam que Carnaval é putaria, lixo cultural, coisa de vagabundo, que brasileiro é burro e atrasado. Não entendem como tem gringo que vem prestigiar um evento tão pobre, em um país que esbanja alegria frente a tanto desemprego, analfabetismo, corrupção.
Como explicar isso a minha colega chinesa?
Deixei no ar e trocamos de assunto. Mas não consegui esquecer. Será que é culpa da multiplicidade cultural brasileira?

3 comentários:

José Anderson disse...

[silver]Nativo que odeia Carnaval. Eu! \o

O problema nem deve estar no carnval em si, afinal ele é tanta coisa que é quase impossivel "explicar", sem falar que gera grana pro país.

(Lembrando que os do interior e em especial os de PE são bons!)

Acho que tem muito gringo que curte mesmo é a puraria, veem ver a mangueira entrar pra poder dizer pros amigos que viveu isso aqui no Brazil!

Ao menos eles deixam um pouco de suas "verdinhas" aqui... rs, Piada.

"É melhor rir do que chorar", essa máxima com certeva foi um made in Brazil que criou.

Mary disse...

Acho que o ano só começa depoiss da Quarta feira de cinzas. Acho que o próximo presidente poderia mudar as coisas e instituir isso!
Bjs

Tomaz C Frausino disse...

hehehe... lembro de você tentando explicar pra Yuan. xD