quarta-feira

Sim ou não, eis a questão

Escolhas começam cedo; para muitos, às cinco e meia da manhã, antes da primeira refeição do dia, com o achocolatado em pó como protagonista: Toddy ou Nescau?
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Dúvidas nos rodeiam em muitas situações. Decisões implicam em perder e ganhar, na maior parte das vezes. Quem disse que era fácil viver? Quem disse que é fácil escolher? Nem Noel Rosa sabia com que roupa iria para o samba.
Desde que nascemos, lá naquele sossego que é dentro da barriga da nossa mãe, ouvimos rumores de uma estranha agitação no mundo que nos espera: a escolha do nome. Quem encarregou essa função aos nossos pais? Qual é a dimensão dessa tarefa? Outro dia, no cartório, fui espectadora VIP de uma dúvida que, imagino eu, deva ser corriqueira pelos tabelionatos; tinha a mãe com uma lista com três nomes: Nícolas, Níkolas e Nicholas. Tinha o pai, cheio de angústia, louco para que acatassem a terceira opção. O estresse durou uns quinze minutos e terminou com uma decisão. O menino se chamará Nicholas. A tabeliã que estava ao lado ficou horrorizada e o pai, com uma felicidade que seria capaz de dominar o mundo.
Provavelmente, essa foi a primeira vez que o pequeno Nicholas presenciou um momento pesado de decisão, como esse. E ainda virá chumbo grosso pela frente. Por enquanto, os pais dele conseguem lidar com a situação, mas não será assim para sempre. Um dia, ele poderá escolher qual será sua bolacha preferida, poderá escolher, também, quem será seu primeiro beijo. É só não ir na onda. Ser autêntico.
Monstros tridimensionalmente maiores surgirão em seus caminhos; chegará a vez do vestibular, da escolha da faculdade, da escolha da profissão, até da eutanásia talvez. Escolha pra gente grande. Por enquanto o Nicholas mal tem um mês de vida, mas um dia chegará a vez de enfrentar decisões, decepções e alegrias. É como semear um jardim.
Podemos escolher até quem queremos ser. Mudar a personalidade, feito um ator fora dos palcos. Afinal, vivemos em constantes mudanças. Escolha é escolha: por vezes acabamos perdendo antigos amigos que não se adaptaram à nova essência. Conheço gente que continua com o mesmo visual, mas insistiu na decisão de mudança de caráter. Mas não assumiu para si próprio. Hoje, está perdendo os antigos amigos que conquistaram a confiança da antiga amizade. Escolhas nem sempre dão em resultados positivos. É necessário escolher bem escolhido. E poucos sabem fazer isso.
Aprendi essa semana, com uma das pessoas mais importantes que tenho para mim, que é importante jogar os prós e contras nas decisões. Fazer uma listinha, no papel, com caneta e tudo. Tem que ter maturidade, calma e isolamento. Parece que estamos conversando com o anjo e o diabo, um em cada ombro. A experiência é boa, mas ainda assim apelamos para a ajuda de nossos familiares, conselho de amigos, do padre, dos orixás. Queremos ter certeza e por isso enchemos a cabeça de minhoca, para no fim descobrirmos o que já sabíamos desde o começo: a decisão é exclusivamente nossa.

2 comentários:

José Anderson disse...

[Silver]Nicholas, ok, pobre deste José Nicholas.
Logo virá mais uma escolha por ele, onde será batizado.
Hoje, por exemplo, condenei esta escolha que fizeram por mim, quem disse que quero ser Católico?

Escolha, um tanto ingrato não podermos escolher em não fazer escolhas, pois este já se caracteriza em escolher não escolher.

Se bem que ainda nos resta a escolha “ocasional” onde tomamos rumos ou aceitamos determinada coisa ou situação pelo próprio instinto, como gostos e desgostos.
Os amigos, alguns mudam de visual mas são os mesmos, outros são aparentemente os mesmos mas por trás da mesmice está um tremendo estranho.
Quando li a parte onde há o comentário sobre os amigos, bateu-me uma saudade de uma flor que conheci, mas como qualquer flor, ela murchou, ainda bem que sobrou as lembranças boas.
(Aproveitando o gancho um tio meu berrou; “TODDY ou NESCAL? O que tiver mais perto!”)
Que a verdade seja dita, pedimos conselhos só pra ouvir o que queremos...
Mesmo que o conselho seja contra nossa “inclinação” fingimos entende-lo, mas logo vem o dito popular; “Se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia!”
Mas acho que mais gratificante que dar um conselho a um amigo/amiga é receber um pedido de “conselho”.

Boa sorte em suas escolhas, pois há sempre 50% de chances delas darem certo!

Anônimo disse...

Algumas decisões são, realmente, muito difíceis de se tomar. Mas, fazer o quê. Alguém tem que decidir, né! Hahahah!

Beijão!